Olá pessoal.
Sou Tony Santos, engenheiro eletricista de
Sorocaba SP.
Quem quiser saber mais sobre mim veja: Tony no Linkedin
Esta publicação é de Nível Básico.
Agora vamos ao tema.
Se por acaso você já “lida” com este assunto, você já deve ter sentido falta do
S de sistema, mas pode ir se acostumando, pois, a nova edição de 2015 da
Norma BRasileira 5419 da ABNT trata o tema assim mesmo.
Mas não se preocupe, vc pode, assim como a norma continuar usando a definição SPDA,
para se referir ao conjunto das providências que se adota para prevenir os
danos em caso de ocorrer alguma descarga atmosférica.
Antes de falar sobre as Normas, vamos decidir se:
Preciso ou não providenciar PDA,
para a minha edificação?
Para decidir isso, responda as questões abaixo:
1) Eu sou obrigado a providenciar PDA?
A
resposta deve estar nos documentos do estado (Leis) da sua região como por
exemplo: Código de obras do município, Instruções técnicas do Corpo de Bombeiros.
Se a Lei não te obriga caberá a VOCÊ decidir.
Pode
ser interessante também consultar outras fontes, como por exemplo, normas
internas da sua empresa (especialmente prestadoras de serviço ao público),
acordos de condomínio.
Se você
investiu um bom dinheiro em máquinas e equipamentos vale dar uma olhada nas
condições da garantia.
Se
após ler isso você decidiu que não precisa. Boa sorte para VC 🙋. Se ainda está em dúvida continue lendo.
2) Tá
certo, não sou obrigado. Mas, ainda sim eu deveria providenciar?
A resposta a esta questão
está nos seguintes fatores:
- Chance
(probabilidade) da edificação ser atingida por uma descarga atmosférica,
considerando o seu tamanho e localização. Ou seja, existem locais e áreas
em que incidência de raios é bem pequena dispensando o SPDA, já em outras,
o risco é bem maior como por exemplo em colinas elevadas e certas regiões
do país.
- Tamanho
da edificação, ou seja, quanto maior e mais alto, mais provável de ser
atingido.
- Tipo
da edificação, o raio causará muito menos estrago se for conduzido á terra
por uma estrutura, metálica do que se conduzido por uma estrutura de
madeira, que pode incendiar-se.
- Conteúdo
da edificação, ou seja, quantidade de pessoas, e equipamentos eletrônicos da
edificação.
Analisando-se estes fatores conclui-se que uma edificação
bem pequena pode dispensar a proteção de um SPDA, porém se esta edificação for
um paiol de munição então deve-se pensar a respeito. Ou também, um pequeno
galpão que armazena tijolos, oferece bem menos riscos, já um shopping ou um
hospital com as mesmas dimensões e construídos no mesmo local, merecem um
cuidado maior.
Entendeu a ideia? Se sim, continue lendo, se não leia de
novo e mande sua dúvida para mim (eletrica.azevedo@gmail.com).
Uma ideia sobre estatística.
Ninguém sabe onde o raio vai "cair", tudo o que se
sabe é “por onde” e como eles têm caído, com estas informações, elaboramos
modelos matemáticos estatísticos, com base no comportamento dos raios para
tentar “adivinhar” onde ele vai cair na próxima tempestade, qual será sua
corrente e sua tensão, quais efeitos ele vai causar.
Fácil né? Não esquenta, uns caras muito legais já fizeram
tudo isso para gente, e, como os raios são muito parecidos no mundo todo, dá para
gente usar o que fizeram, e o melhor, fizeram umas "receitinhas de
boa" pra facilitar ainda mais (desde que você tenha conhecimentos sólidos
na área da eletricidade) vou apresentar a receitinha mais a frente. Por
enquanto basta entender como funciona a coisa.
Para ajudar a entender, vamos sair um pouco da atmosfera e
pôr o pé no asfalto.
Pense em dois sujeitos, A e B, o sujeito "A",
sempre atravessa a rua na faixa de pedestre olhando para os dois lados, sempre
aguarda o sinal correto para atravessar a rua, o sujeito "A" tem
perfeita visão e audição. Já o sujeito "B", tem visão e audição
prejudicadas, sempre atravessa fora da faixa, atravessa a via com tráfego e não
obedece as normas de segurança de trânsito.
Ora, a gente não pode afirmar que o sujeito “A” NUNCA vai
sofrer um acidente de tráfego, pois existem fatores fora de seu controle, e
também não podemos afirmar que o sujeito “B” COM CERTEZA vai sofrer um
acidente. Mas é seguro para qualquer um de nós, com base no que sabemos,
afirmar que a “chance” de o sujeito B sofrer um acidente é muito maior que o
sujeito A. Se entregarmos este problema aos matemáticos eles nos dirão algo
assim:
A cada 1000 sujeitos que tiverem comportamento A, por um ano
haverá 1 acidente, enquanto que, a cada 1000 sujeitos que tiverem comportamento
B, haverá 10 acidentes. Ou, em termos mais esquisitos, o sujeito A sofrerá 1
acidente a cada 1000 Anos, e o sujeito B sofrerá um acidente a cada 100 anos.
Ou ainda, a probabilidade de o sujeito A sofrer um acidente é de 0,001vezes por
ano. Entendeu?
Voltando á PDA.
Assim pode se assumir por exemplo, que se a probabilidade de
a edificação ser atingida por um raio for menor que 1 por ano, ela dispensa um
SPDA, se for maior que isso, porém menor que 2, pode ou não ter SPDA, agora, se
for maior que 2 deve-se providenciar um SPDA.
Agora, os valores acima, seriam adotados por sua conta e
risco!!!!! Você deve procurar parâmetros mais seguros com as pessoas que
possuem experiência no tema.
Outros fatores que têm de ser considerados são os custos
envolvidos na ocorrência das falhas elétricas. Certa vez um amigo me perguntou:
“ você acha que eu devo instalar um “PARA-RAIOS” em minha casa?” E a minha
resposta foi: “ Quanto o custou a sua TV?”
A TV em questão na ocasião custou mais de 5 mil reais, e, na
ocasião, esse valor era mais que se investiria para ter um SPDA completo, que
diminuiria a probabilidade de danos em 1000 vezes, não somente para a TV, mas
também para a geladeira, o forno, os computadores etc. sem falar no risco de
incêndios, dentro daquela residência.
Então é o seguinte: Você não é obrigado a prover
PDA para sua edificação, mas se você por acaso mora sobre uma colina isolada,
ou tem muitos eletroeletrônicos de que goste, ou simplesmente goste de usar o
chuveiro elétrico durante as tempestades. Você deveria consultar alguém ou, se
você mesmo for este alguém, você deveria pensar em PDA.
Então?
Como eu calculo a probabilidades? E depois como eu instalo um SPDA?
Lembra
que eu prometi umas receitinhas, pois bem, aqui vai.
Use
as normas técnicas da ABNT. Estas normas são escritas por pessoas habilitadas,
que têm muita experiência a respeito do assunto. Elas trazem a consolidação das
experiências bem-sucedidas em PDA, como também valiosas lições aprendidas com
os erros passados, (por exemplo os PARA-RAIOS RADIOATIVOS). E, como são
periodicamente revisadas estão em concordância com as técnicas e tecnologias
atuais.
No
Brasil principal norma que a respeito de PDA é a ABNT NBR 5419, esta norma, é
baseada na norma internacional IEC 62305. Assim como suas revisões anteriores, ela
contém um modelo simplificado, porém eficiente dos modelos estatísticos sobre
descargas atmosféricas, também tem modelos de instalação de SPDA, facilmente
entendíveis que possibilitam excelente redução da probabilidade de danos.
A
última revisão desta norma ocorreu em 2015, a revisão anterior estava em vigor
desde 2005. A grande mudança com relação á revisão anterior, é que a revisão
atual inclui ferramentas para proteção de equipamentos enquanto que a revisão
anterior tratava somente da proteção de pessoas e animais.
Em
resumo, verifique se você necessita de um SPDA, o custo de uma verificação
sempre valerá o investimento, se você não é um profissional, aconselho que
procure um para isso. Faça a verificação, e se necessário, a instalação,
seguindo as recomendações da NBR 5419.
Na
próxima postagem, vou falar sobre as mudanças da última revisão (2015) com
relação à anterior (2005), pois esta é uma boa maneira de introduzir os profissionais
da área a esta nova revisão.
- · NBR 5419:2015 – Quais foram as novidades? Sou obrigado a reformar? – Nível Médio;
- · Para Raios Radioativos e discos voadores – O que fazer??? – Nível Básico;
- · Como fazer aterramento na lua??? – Nível Médio
- · Edificações “que já vêm” com SPDA
Ok,
por enquanto é só envie dúvidas para elétrica.azevedo@gmail.com