Sensores:
São
dispositivos que mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza física,
podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indica esta
grandeza. Quando operam diretamente, convertendo uma forma de energia neutra,
são chamados transdutores. Os de operação indireta alteram suas propriedades,
como a resistência, a capacitância ou a
indutância, sob ação de uma grandeza, de forma mais ou menos proporcional. O sinal
de um sensor pode ser usado para detectar e corrigir
desvios em sistemas de controle, e nos instrumentos de medição, que
freqüentemente estão associados aos SC de malha aberta (não automáticos),
orientando o usuário.
Caracteristicas:
Linearidade: É o grau de proporcionalidade
entre o sinal gerado e a grandeza física. Quanto maior, mais fiel é a resposta
do sensor ao estímulo. Os sensores mais usados são os mais lineares, conferindo
mais precisão ao SC. Os sensores não lineares são usados em faixas limitadas,
em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores especiais, que corrigem o
sinal.
Faixa de atuação: É o intervalo de valores
da grandeza em que pode ser usado o sensor, sem
destruição ou imprecisão
Sensores
de Temperatura
O controle de temperatura é
necessário em processos industriais ou comerciais, como a refrigeração de
alimentos e compostos químicos, fornos de fusão (produção de metais e ligas,
destilação fracionada (produção de bebidas e derivados de petróleo), usinas
nucleares e aquecedores e refrigeradores domésticos (fornos elétricos e
microondas, freezers e geladeiras).
NTC e PTC
·São resistores dependentes de temperatura.
·O NTC (Negative Temperature Coeficient, Coeficiente Negativo de
Temperatura), tem resistência inversamente proporcional à temperatura. Ele é
feito de compostos semicondutores, como os óxidos de ferro, magnésio e cromo.
Segue a equação abaixo:
·R = A e B/T
A e B são coeficientes que variam
com a composição química e "e" é o número de Neper, 2.718.T é a
temperatura, em graus Kelvin (some 273 à temperatura em Celsius, para
conversão).
Sua curva característica é,
então, exponencial decrescente.
Curva do NTC
·Devido a seu comportamento não linear, o NTC é utilizado numa faixa
pequena de temperaturas, em que a curva é próxima de uma reta, ou com uma rede
de linearização, como abaixo.
·Rede se linearização, Símbolo do NTC
·O NTC é empregado em temperaturas de até uns 150º C.
O PTC (Positive Temperature
Coeficient) tem resistência proporcional à temperatura, e atua numa faixa
restrita. A variação da resistência é maior que a de um NTC, na mesma faixa.
Seu uso é mais freqüente como sensor de
sobretemperatura, em sistemas de proteção, por exemplo, de motores.
Diodos
·O diodo comum de silício, polarizado diretamente com corrente de 1mA,
tem queda de tensão próxima de 0.62V, a 25oC. Esta tensão cai aproximadamente
2mV para cada ºC de aumento na
temperatura, e pode ser estimada pela equação:
·Vd = A - BT
A e
B variam um pouco conforme o diodo. Esta equação é de uma reta, e vale até uns
125 ºC, limite para o silício.
Curva térmica do diodo
·
O diodo é encontrado em controles e termômetros de baixo custo e
razoável precisão, até uns 100 ºC.
Termopar
Quando dois metais encostados são submetidos a uma temperatura, surge
nos extremos deles uma tensão proporcional à temperatura. Este é o efeito
Seebeck.
·V=KT
·K é uma constante para cada par de metais, que é utilizável até seu
limite térmico.
Metal
|
Temperatura
Máxima
|
Constante
K
|
Cobre-constantán
|
375ºC
|
0.1mV/
ºC
|
Ferro-constantán
|
750ºC
|
0.0514mV/
ºC
|
O
custo dos termopares é elevado, e são empregados em aplicações profissionais,
onde se requer alta confiabilidade e precisão.
Sensores
Integrados:
·Há circuitos integrados sensores de temperatura, como o LM 335, da
National Oferecem alta precisão, por conterem circuitos linearizados. Operam de 0
a 100ºC aproximadamente.
·Sensores
de Luz
Além de seu uso em fotometria (incluindo analisadores de radiações e químicos), é a parte de sistemas de controle de luminosidade, como os relés fotoelétricos de iluminação pública e sensores indireto de outras grandezas, como velocidade e posição (fim de curso).
· LDR:
O LDR (light
dependent resistor, resistor dependente da luz) tem sua resistência diminuída
ao ser iluminado. É composto de um material semicondutor, o sulfeto de cádmio,
CdS. A energia luminosa desloca elétrons
da camada de valência para a de condução
(mais longe do núcleo), aumentando o número destes, diminuindo a resistência. A
resistência varia de alguns Mw, no escuro, até centenas de W, com luz solar
direta.
·Os usos mais comuns do LDR são em
relés fotoelétricos, fotômetros e alarmes. Sua desvantagem está na
lentidão de resposta, que limita sua operação.
Foto-diodo
·
·É um diodo semicondutor em que a junção está exposta à luz. A energia
luminosa desloca elétrons para a banda de condução, reduzindo a barreira de potencial pelo aumento do número de elétrons, que podem
circular se aplicada polarização reversa.
·A corrente nos foto-diodos é da ordem de dezenas de mA com alta
luminosidade, e a resposta é rápida. Há foto-diodos para todas as faixas
de comprimentos de onda, do infravermelho ao ultravioleta, dependendo do
material.
·O foto-diodo é usado como sensor
em controle remoto, em sistemas de fibra óptica, leitoras de código de barras, scanner (digitalizador de
imagens, para computador), canetas ópticas (que permitem escrever na tela do
computador), toca-discos CD, fotômetros e como sensor indireto de posição e
velocidade.
Foto-transistor
·É um transistor cuja junção coletor-base fica exposta à luz e atua como
um foto-diodo. O transistor amplifica a corrente, e fornece alguns mA com alta
luminosidade. Sua velocidade é menor que a do foto-diodo.
·Suas aplicações são as do foto-diodo, exceto sistemas de fibra-óptica,
pela operação em alta freqüência.
· Células
foto-voltaicas
·São dispositivos que convertem energia luminosa em elétrica.
·O diodo iluminado intensamente na junção pode reverter a barreira de
potencial em fonte de elétrons,
produzindo energia. A eficiência do processo é baixa devido a pouca transparência da junção (somente as camadas
superficiais são iluminadas), apenas alguns %.
·Seu uso principal está nos painéis solares.
Outro dispositivo é a
foto-célula de selênio (um semicondutor), de operação similar. Usa-se em
medidores de luminosidade e aparelhos de análise química (como
fotocolorímetros).
· Sensores
de Velocidade
·
·Empregam-se nos controles e medidores de velocidade de motores dentro de
máquinas industriais, eletrodomésticos como videocassete e CD, unidades de
disquetes e Winchesters de computadores, na geração de eletricidade (garantindo
a freqüência da CA), entre outros.
·
·
· Tacogerador:
·
É um pequeno gerador elétrico
de CC, com campo fornecido por imã. A tensão gerada, pela Lei de Faraday é
proporcional à velocidade com que o fluxo magnético é cortado pelo enrolamento
do rotor. Assim, o Tacogerador é um transdutor mecânico elétrico linear.
·V = K n
·K é uma constante que depende do
campo do imã, do número de espiras e pólos e das dimensões do rotor; n é
a rotação do eixo (por minuto, rpm, ou segundo, rps).
A polaridade da tensão
gerada depende do sentido de rotação.
· Interruptor
de Lâminas:
·
·Conhecido como reed-switch (em inglês), compõe-se de duas lâminas de
ferro próximas, dentro de um pequeno envoltório de vidro. Ao se aproximar um
imã ou solenóide as duas lâminas se encostam, fechando os contatos externos.
·Instalando-se um imã na periferia de uma roda, que gira poucos mm em
frente ao interruptor de lâminas, este fechará os contatos a cada volta. Se
este for ligado a uma tensão contínua, gerará pulsações numa freqüência
proporcional à rotação da roda.
·Além de seu uso como sensor de velocidade, é encontrado em alarmes,
indicando porta ou janela fechada (um imã é instalado nesta, e o reeds-witch no
batente), e em sensores de fim-de-curso, em máquinas industriais, gavetas de
toca-discos CD e videocassete, etc.
·
· Sensores
Ópticos:
·
·Empregam foto-diodos ou
foto-transistor e uma fonte luminosa, lâmpada, LED ou laser. Há dois tipos básicos:
·
·
Sensor de reflexão
·
Interrupção de luz.
·
·No sensor de reflexão um feixe luminoso atinge um
disco com um furo ou marca de cor contrastante, que gira. O sensor recebe o
feixe refletido, mas na passagem do furo a reflexão é interrompida (ou no caso
de marca de cor clara a reflexão é maior), e é gerado um pulso pelo sensor.
·O sensor de interrupção de
luz usa
também um disco com furo, e a fonte de luz e o sensor ficam em lados opostos.
Na passagem pelo furo, o feixe atinge o sensor, gerando um pulso.
·A freqüência destes pulsos é igual à velocidade, em rps, nos dois tipos.
As vantagens destes
sensores são o menor tamanho e custo, a maior durabilidade e a leitura à
distância. É usado em sistemas de controle e tacômetros portáteis.
·Sensores
de Vazão
· Sensor
de turbina:
·
·Se instalarmos uma turbina ou roda dentada numa tubulação, o fluxo fará
esta girar, convertendo a vazão em velocidade, que pode ser medida como já
visto.
·
· Sensor
por diferença de pressão:
·
·Quando uma tubulação se estrangula, pela redução do diâmetro, há uma
queda de pressão, e a velocidade do fluído aumenta. Medindo-se a diferença de
pressão através do desnível numa coluna de mercúrio, pode-se calcular a vazão.
·Este processo é usado em medidores de vazão em processos industriais,
não automáticos.
·
· Sensor
térmico:
·
·Quando um gás ou líquido flui sobre um corpo aquecido, retira calor
deste, reduzindo a temperatura de forma proporcional à velocidade do fluído.
·Se colocarmos um sensor de temperatura, como um NTC, aquecido a uma
temperatura maior que a do fluído, podemos avaliar a vazão pela variação da
resistência.
·Para obtermos um sinal que
compense as variações na temperatura do fluído, usamos um sensor em Ponte de
Wheatstone diferencial. Há dois NTC’s em contato com o fluído, mas um deles
protegido do fluxo, numa cavidade, o qual faz a compensação de temperatura.
A diferença de tensão indica a vazão.
·Este sensor em ponte também é usado para medir diferenças de
temperatura.
·
·
Sensores de Posição
·
·Em aplicações em que se necessita monitorar a posição de uma peça, como
tornos automáticos industriais, ou contagem de produtos, ou verificar a posição
de um braço de um robô ou o alinhamento de uma antena parabólica com outra ou
um satélite, usam-se sensores de posição.
·Os sensores se dividem em posição linear ou angular. Também se dividem entre
sensores de passagem, que indicam que foi atingida uma posição no movimento, os
detetores de fim-de-curso e contadores, e sensores de posição que indicam a
posição atual de uma peça, usados em medição e posicionamento.
·
· Chaves
fim-de-curso:
·
·São interruptores que são acionados pela própria peça monitorada. Há
diversos tipos e tamanhos, conforme a aplicação.
·Ex.: Nas gavetas de toca-discos laser e videocassetes há chaves fim-de-curso
que indicam que a gaveta está fechada, ou há fita. Estas informações são
necessárias ao microprocessador, para o acionamento dos motores (e do LED laser).
·Também se usam com motores, na limitação do movimento, como no caso de
um plotter ou impressora, ou abertura / fechamento de um registro.
·
·
Sensores fim-de-curso magnético:
·
·Quando se aplica um campo magnético num condutor, as cargas elétricas se
distribuem de modo que as positivas ficam de um lado e as negativas do lado
oposto da borda do condutor. No caso de um semicondutor o efeito é mais
pronunciado. Surge então uma pequena tensão nas bordas do material. É o Efeito
Hall.
·Ele é a base do sensor magnético Hall. Atualmente são construídos
sensores em circuito integrado na forma de um transistor.
·Este pode ser usado como sensor de posição se usado junto a um pequeno
imã, colocado na peça. Quando esta é aproximada, o sensor atua, saturando o
transistor Hall, fazendo a tensão entre coletor e emissor próxima de 0V.
·
· Sensor
com interruptor de lâminas:
·
·Como o anterior, mas usando este interruptor acionado pelo imã.
·Obs.: Os dois últimos também se usam como sensores de posição angular. Uma
aplicação interessante é o motor C.C.
sem escovas ("brush-less"), onde a comutação é eletrônica, feita
quando o rotor, com imãs, passa por um sensor Hall, que envia um sinal ao C.I.
controlador, invertendo os pólos do motor. É usado em videocassetes, CDP’s e
unidades de disco de computadores, pela grande precisão e facilidade de
controle da velocidade.
·
· Sensores
ópticos:
·
·Há duas formas básicas de usar estes: S. por reflexão, que
detectam a posição pela luz que retorna a um fotosensor (fotodiodo ou f.
transistor, LDR ), emitida por um LED ou lâmpada e refletida pela peça, e S.
por interrupção, no qual a luz emitida é captada por um fotosensor alinhado,
que percebe a presença da peça quando esta intercepta o feixe.
·Este sensor é usado para contagem de peças, numa linha de produção, além
das aplicações como fim-de-curso.
·
·Sensores
de posição específica
·
·Como vimos, estes indicam a posição atual da peça, num sistema
posicionado, esta pode ser linear ou angular.
·
· Potenciômetro:
·
·Quando se aplica uma tensão nos extremos de um potenciômetro linear, a
tensão entre o extremo inferior e o centro (eixo) é proporcional à posição
linear (potenciômetro deslizante) ou angular (rotativo).
·Nos sistemas de controle usam-se potenciômetros especiais, de alta
linearidade e dimensões adequadas, de fio metálico em geral, com menor
desgaste.
·
· Sensores
Capacitivos:
·
·A capacitância depende da área das placas A, da constante dielétrica do
meio, K, e da distância entre as placas, d:
·
·C = K A
/ d
·Nos sensores Capacitivos podemos variar qualquer destes fatores, sendo
mais prático alterar a distância entre uma placa fixa e uma móvel, ou a área,
fazendo uma placa móvel cilíndrica ou em semicírculo (ou várias paralelas, como
no capacitor variável de sintonia) se mover em direção à outra fixa.
·A variação na capacitância pode ser convertida num desvio na freqüência
de um oscilador, ou num desvio do equilíbrio (tensão) numa Ponte feita com dois
capacitores e dois resistores, alimentada com C.A.. O desvio de tensão será
inversamente proporcional ao desvio na capacitância, neste caso, e usando um
sensor por distância entre as placas, será proporcional ao deslocamento entre
as placas.
·Este método é usado em sensores de posição, força e pressão, havendo uma
mola ou diafragma circular suspenso por borda elástica (como o cone de um
alto-falante), suportando a placa móvel.
·Há também o sensor por diferença de capacitância, que é um capacitor
duplo, com duas placas fixas e uma móvel no centro. Também é usada a Ponte para
converter a diferença de capacitância em tensão.
· Sensores
indutivos:
·
·Num indutor, a indutância depende do número de espiras, da largura do
enrolamento, ou área da espira, do comprimento do enrolamento e da
permeabilidade do núcleo.
·
·L = m N2 A / l
·
·Nos sensores práticos, se altera em geral a permeabilidade do núcleo,
deslizando um núcleo ferromagnético para dentro ou fora do enrolamento, ou
aproximando uma parte do enrolamento móvel de outra fixa.
·Também se usam sensores que detectam variações na permeabilidade do
meio, como nos detectores de metais. Esta variação é facilmente convertida em
variação na freqüência de um oscilador LC, e o desvio na freqüência acusado por
um demodulador FM.
·Para uso em medida de posição é comum se usar a indutância mútua, ou
coeficiente de acoplamento entre 2
enrolamentos num transformador. Uma das bobinas se move em direção à
outra, aumentando o acoplamento e o
sinal C.A. captado nesta outra.
·Todos os sensores indutivos até aqui são não lineares, o que limita o
uso. Já o LVDT (Linear Variable Differential Transformer), transformador
diferencial linear variável, tem esta
característica, dentro de uma faixa em torno de metade do comprimento do núcleo
móvel, ferromagnético. Usa 3 enrolamentos fixos, alinhados, sendo aplicada a
alimentação no central, os 2 outros estão em série, mas com os terminais
invertidos, de modo que as tensões se subtraem. Quando o núcleo fica na posição
central, a tensão induzida nos 2 enrolamentos são iguais, se cancelando. Ao se
deslocar o núcleo, o acoplamento entre o enrolamento central e cada um dos
outros varia, e as tensões não se cancelam, resultando uma tensão de saída cuja
fase é diferente, conforme o núcleo penetre mais numa ou outra bobina.
·O LVDT é usado em posicionadores de precisão, desde frações de mm até
dezenas de cm. É usado em máquinas ferramentas, CNC e robôs industriais.
·
· Sensores
ópticos:
São
sensores que atuam por transmissão de luz. Além dos já vistos, há os encoders
(codificadores), que determinam a posição através de um disco ou trilho
marcado.
Se
dividem em relativos, nos quais a posição é demarcada por contagem de pulsos
transmitidos, acumulados ao longo do tempo, e absolutos, onde há um código
digital gravado no disco ou trilho, lido por um conjunto de sensores ópticos
(fonte de luz e sensor). Os códigos adotados são os de Gray, nos quais de um
número para o seguinte só muda um bit, o que facilita a identificação e
correção de erros.
A
demarcação do disco ou trilho é feita através de furo ou ranhuras, ou por pintura
num disco plástico transparente, que podem ser feitos através de técnicas
fotolitográficas, permitindo grande precisão e dimensões micrométricas.
A
fonte de luz é geralmente o LED, e o sensor um fotodiodo ou fototransistor.
Estes
sensores são muito precisos e práticos em sistemas digitais (encoder absoluto),
e usam-se em robôs, máquinas-ferramenta, CNC e outros.