Como se sabe, os motores elétricos, ao serem ligados, instantaneamente, permitem que um grande fluxo de corrente elétrica circule através dos seus enrolamentos. Isso ocorre porque, estando parado, não há força contra-eletromotriz que se oponha ao fluxo de corrente. Ao iniciar as primeiras revoluções, com o surgimento da força contra-eletromotriz, o fluxo de corrente diminui e se estabiliza no seu valor nominal. O valor máximo instantâneo da corrente solicitada durante a partida varia em função do tipo de construção do motor e proporcionalmente a sua potência.
Para o dimensionamento do Grupo Gerador adequado a cada situação, a consideração dos motores elétricos existentes a serem acionados é de fundamental importância, pois diversos problemas podem resultar do uso de um Grupo Gerador sub-dimensionado, com implicações no funcionamento de outros componentes elétricos e eletrônicos também alimentados pelo mesmo Grupo Gerador.
CORRENTE DE PARTIDA
Os motores elétricos são construídos obedecendo
normas, segundo o uso a que se destinam, que os padronizam conforme definições
da NEMA ou da ABNT. (Deverá constar na plaqueta de identificação a letra
correspondente ao seu padrão construtivo).
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A NEMA define os códigos de letras conforme a
tabela abaixo:
Letra Código
|
KVA que o motor necessita para partida direta
(por KVA)
|
A
|
0,00 a 3,14
|
B
|
3,15 a 3,54
|
C
|
3,55 a 3,99
|
D
|
4,00 a 4,49
|
E
|
4,50 a 4,99
|
F
|
5,00 a 5,59
|
G
|
5,60 a 6,29
|
H
|
6,30 a 7,09
|
J
|
7,10 a 7,99
|
K
|
8,00 a 8,99
|
L
|
9,00 a 9,99
|
M
|
10,00 a 11,19
|
N
|
11,20 a 12,49
|
P
|
12,50 a 13,99
|
R
|
14,00 a 15,99
|
S
|
16,00 a 17,99
|
T
|
18,00 a 19,99
|
U
|
20,00 a 22,39
|
V
|
22,40
|
Para a
ABNT, 5 códigos são definidos, conforme a tabela seguinte:
Letra Código
|
Corrente de partida direta (Motores com
enrolamento tipo gaiola)
|
A
|
ALTA
Até 6 x IN
|
B
|
NORMAL
3,80 a 6,00 x IN
|
C
|
NORMAL
3,80 a 6,00 x IN
|
D
|
NORMAL
3,80 a 6,00 x IN
|
F
|
BAIXA
Até 4 x IN
|
IN = Corrente Nominal do motor.
IP = Corrente de Partida do motor.
IP = Corrente de Partida do motor.
É comum encontrarmos motores com corrente de
partida igual a 7 ou 8 vezes a corrente nominal.
Porém, para os motores de produção seriada, normalmente encontrados no mercado, a corrente de partida situa-se entre 5,5 e 7,00 vezes a corrente nominal. (5,5 x IN < IP < 7,00 x IN).
São três os métodos de partida mais utilizados no acionamento de motores elétricos de indução:
Porém, para os motores de produção seriada, normalmente encontrados no mercado, a corrente de partida situa-se entre 5,5 e 7,00 vezes a corrente nominal. (5,5 x IN < IP < 7,00 x IN).
São três os métodos de partida mais utilizados no acionamento de motores elétricos de indução:
1) - Partida direta;
2) - Com chave estrela-triângulo
3) - Com chave compensadora.
2) - Com chave estrela-triângulo
3) - Com chave compensadora.
Além dos sistemas tradicionais de chaves
estrela-triângulo e compensadora por autotransformador, começa a surgir no
mercado os sistemas de demarradores de estado sólido, conhecidos como
softstart. Os Soft Starter fazem as mesmas funções de fornecer corrente
reduzida durante o período de partida do motor elétrico, porém a corrente é
controlada por meio de SCR's (Retificadores Controlados de Silício). Quando for
o caso, observar que a partida de motores com estes dispositivos submete o
alternador a uma carga deformante (também chamada carga não linear), que poderá
introduzir distorções não suportadas por outros consumidores. (Os efeitos da
distorção harmônica, resultante da utilização de SCR's, são abordados em outro
estudo sobre sistemas elétricos de suprimentos de energia para cargas de missão crítica.
Para o primeiro caso, a corrente de partida
deverá ser calculada por uma das tabelas acima ou medida durante um ciclo de
partida do motor.
No segundo caso, a corrente de partida é reduzida para 1/3. Assim, a corrente de partida for, por exemplo, de 6 x IN, com o uso da chave estrela-triângulo, ficará reduzida para 2 x IN.
Diagrama típico - chave de
partida estrela-triângulo
No terceiro caso, a corrente de partida depende
do tipo de chave compensadora. Dois exemplos podem melhor esclarecer:
a) Com tape de 80%: a corrente será reduzida para 0,8 x 0,8 = 0,64 ou 64%.
b) Com tape de 65%: a corrente será reduzida para 0,65 x 0,65 = 0,4225 ou 42,25%.
Na figura abaixo, a partida é acionada com a
corrente fluindo pelos contatos "S" (de "Start"). No
momento seguinte, depois que o motor alcançou velocidade próxima à nominal, os
contatos são revertidos para "R" (de Run).a) Com tape de 80%: a corrente será reduzida para 0,8 x 0,8 = 0,64 ou 64%.
b) Com tape de 65%: a corrente será reduzida para 0,65 x 0,65 = 0,4225 ou 42,25%.
Chave compensadora de partida
com auto-transformador de 3 taps (diagrama típico)
Com softstart, em geral, a redução de corrente é
de 50%.
Os motores para acionamento de máquinas
centrífugas tais como, por exemplo, bombas e ventiladores, deverão ser
projetados de tal forma que seu torque de partida ainda
permaneça acima da curva de torque da máquina acionada, no caso de ligação
direta ou estrela triângulo, mesmo durante uma queda momentânea de tensão para
80% da tensão nominal.
Para o acionamento de máquinas
alternativas, tais como bomba a pistão e compressores, como também agitadores,
etc., será sempre necessário um dispositivo de alívio para o período de
partida, porque essas máquinas requerem um torque elevado já no início da operação.
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CAPACIDADE DO ALTERNADOR
Do ponto de vista do
alternador, é necessário fazer algumas considerações, já que a sua capacidade
de partir motores de indução depende da impedância interna e do tipo de
excitação empregado.
TIPO DE EXCITAÇÃO
Dois tipos são normalmente
empregados: EXCITAÇÃO DINÂMICA e EXCITAÇÃO ESTÁTICA. Os alternadores com
excitação estática tem respostas mais rápidas às quedas de tensão causadas pela
partida de motores elétricos. Em contrapartida, não apresentam forma de onda
senoidal perfeita dos valores de tensão, o que os tornam conta indicados para
alimentação de equipamentos eletrônicos sensíveis, especialmente os de telecomunicações.
A diferença no tempo de resposta de correção de uma variação de tensão deve-se
ao fato de que, no alternador com excitação estática, apenas a constante de
tempo do campo do alternador precisa ser vencida pelo excitador, ao passo que,
no alternador com excitação dinâmica (rotativa) ambas as constantes de tempo,
do campo do alternador e do campo do excitador, precisam ser consideradas.
Atualmente são oferecidos
alternadores com excitação dinâmica dotados de recursos que auxiliam na
capacidade de partida de motores. O destaque é o sistema de excitação por
magneto de ímã permanente (PMG), que oferece as melhores características de
excitação. Também são encontrados alternadores com sistema de excitação dotado
de compound auxiliar, constituído por um transformador de corrente cuja saída é
conectada ao campo da excitatriz por meio de retificadores. Os alternadores com
excitação PMG podem suportar até 3 vezes a corrente nominal durante um curto
intervalo e os compound até duas vezes a corrente nominal sem que ocorra queda
acentuada da tensão de saída do alternador.
EXCITAÇÃO DINÂMICA
A
excitação dinâmica se faz por meio de um gerador de corrente contínua acoplado
à extremidade do eixo do alternador. Atualmente, todos os alternadores que
utilizam este tipo de excitação, estão dotados, normalmente, de um pequeno
alternador, cuja saída de corrente alternada, que é gerada no rotor, é
retificada e fornecida ao campo do alternador principal. Este sistema é
denominado comercialmente de tipo "Brushless" (ou sem escovas). O
controle de
tensão é feito através da corrente fornecida ao campo do excitador, localizado
na armadura, monitorada por um regulador eletrônico de tensão.
EXCITAÇÃO ESTÁTICA
A excitatriz estática consiste de uma ponte retificadora eletronicamente controlada, que utiliza a própria corrente gerada na armadura para alimentar o campo do alternador. São utilizadas duas escovas, instaladas sobre anéis lisos, para conduzir a corrente retificada desde a ponte retificadora até o campo do alternador.
IMPEDÂNCIA INTERNA
Quanto menor a impedância,
maior a capacidade do alternador partir motores elétricos. Isto se deve ao fato
de se verificar menor queda de tensão nos terminais do alternador, quando da
aplicação brusca da carga.
(Os alternadores nacionais de fabricação em série tem impedância transitória no eixo direto, X"d, na faixa de 26 a 30%).
(Os alternadores nacionais de fabricação em série tem impedância transitória no eixo direto, X"d, na faixa de 26 a 30%).
CONCLUSÃO
Conhecidas as potências,
sistemas de partida e características dos motores elétricos, bem como do
alternador que se pretenda utilizar, é possível calcular a potência necessária
em função de uma queda de tensão instantânea admissível, determinada pelos
outros equipamentos também alimentados pelo Grupo Gerador, evitando-se assim os
inconvenientes de desarmamento de chaves e disjuntores, piscar de luzes e falhas
de equipamentos eletrônicos sensíveis às variações de tensão.
No caso de alternadores trifásicos, a corrente nominal pode
ser ligada quando da partida de motores elétricos trifásicos, sem que haja uma queda de tensão superior a aproximadamente 18,0%. Aumentando-se
a corrente de partida em mais 25% da corrente nominal do alternador, deve-se
contar com mais uma queda de tensão da ordem de 4,0%.
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Isto significa que a um alternador em vazio podem ser ligados
diretamente motores elétricos até uma ordem de grandeza de aproximadamente 20,0%
da sua capacidade nominal sem que o motor Diesel sofra uma queda de velocidade
anormal nem que haja queda de tensão transitória do alternador além de 20,0%, entre 0,1 e 0,5 segundos.
Quando se
necessita partir motores cuja corrente de partida ultrapassa os limites das
relações acima, é necessário estabelecer o limite de queda de tensão admissível pelos demais consumidores.
Em
resumo, para um projeto normal de grupo gerador, a sua potência ativa não deverá
exceder a potência máxima
admissível do motor Diesel (levando-se em conta o
rendimento do alternador). A corrente de partida de motores elétricos trifásicos não deverá (inclusive a carga inicial do alternador) ser
superior a 1,2 vezes a corrente nominal do alternador.
IP= Corrente de Partida
IG= Corrente nominal do
alternador
X"d= Reatância do alternador.
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by Ensinando Elétrica